[texto apresentado no programa "Entre Aspas" no dia 30/07]
Na semana que vem os fumantes de São Paulo finalmente vão entrar na linha. Vai ficar proibido fumar no bar, no cabeleireiro, no salão de festas do prédio. Os fumódromos serão extintos. A punição para a desobediência é multa pesada. Mas quem vai pagá-la será o síndico, o dono do estabelecimento. Alguém vai ter que ser responsável pelo controle das baforadas dos outros. Fácil adivinhar que vai dar confusão. Mesmo assim, os combatentes do tabaco comemoram. Esperam que a lei paulista, como outras, logo vire brasileira. Exaltam a vitória e a virtude do politicamente correto. Há, porém, quem lamente tanto controle sobre a vida e as escolhas de cada um. Há os que receiam viver num mundo tão cheio de normas e regras; de proibições ou que todas as pessoas vivam no mesmo credo na saúde e na boa-forma, como se essa fosse a única vida possível. Um mundo que levanta fachadas morais bem chamativas para disfarçar todo o caos por trás. Afinal, até o pouco transgressor Roberto Carlos, numa canção antiga, já perguntava:
“Será que tudo o que gosto é ilegal, imoral ou engorda?”
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